terça-feira, 8 de março de 2011

Recordações de Portugal

Hoje fui comer com uns amigos a um restaurante em Bissau. Entrámos, escolhemos os pratos que queriamos e conversámos. No meio dessa conversa surgiu algo que me transportou para memórias esquecidas de Portugal. Não sei se nas vossas terras natais se passava o mesmo, mas na minha aldeia era sempre uma festa.
Essas memórias levaram-me a divagar por partes de infância há muito esquecidas e agora relembradas. Agora que estou a recordar do momento no restaurante, vejo que o acontecimento que despoletou tudo foi graças à nova tecnologia. Foi um simples toque de telemóvel que me transportou. Levou-me para um sítio em que não existiam preocupações com nada, a não ser claro com os nossos pais. Parece a cena do filme "Ratatui" onde um apreciador gastronómico assim que coloca a primeira garfada de comida na boca é transportado para a infância.
Voltando ao relato, que eu já falei de muito, menos das minhas recordações. Estávamos no restaurante, quando toca um telemóvel. Até aqui nada de novo, o que fez despoletar foi o toque em questão. Quantos de vocês se lembram de ouvir o instrumento que o amola tesouras toca? Foi exactamente esse som que ouvi. Lembrei-me logo dos senhores nas suas bicicletas e com a pedra de amolar no suporte traseiro. Mas estes homens amolavam tesouras e facas e ainda arranjavam guarda-chuvas ou chapéu de chuva. Depois comentei que na minha terra já não se vê ninguém com esse tipo de trabalho, ao que uns amigos me disseram que estão a voltar. Depois dessa recordação também me lembrei de uns homens que passavam pela aldeia a tocar vários instrumentos. Eles tinham um bombo, um prato em cima do bombo e pelo menos mais uma harmónica. Era sempre uma alegria, pois conseguiam tocar tudo ao mesmo tempo. Não tenho a certeza dos nomes dos intrumentos, a minha área não é bem a música é mais uma coisa de números. Mas voltando atrás, sempre que se ouvia ao longe era imediatamente uma correria para a rua, só para ouvir um bocadinho daquele som. Na minha zona chamava-se "O Homem dos Sete Instrumentos", e pela conversa que tivemos também tinha o mesmo nome em zonas diferentes do país.
Já repararam que estas pequenas coisas marcaram-nos na nossa infância e que pura e simplesmente desapareceram? Ou então pouco se vê por Portugal fora? São coisas que os nossos filhos nunca vão poder presenciar e ver, mas também admito que existiram muitas coisas que os nossos pais viram e que eu não vi. Isto tudo pode-se resumir ao seguinte - "É o Preço do Progresso". Progresso esse que traz sempre coisas boas e coisas más. Neste caso até foi o progresso que proporcionou o que vos estou a contar.

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