terça-feira, 18 de setembro de 2012

Novidades

Olá a todos que queiram ler e aqueles que não querem ler também o podem fazer. E a vida é assim, uns podem e fazem, outros fazem sem puder e ainda outros podem e não fazem.

Agora já não me encontro em terras africanas, regressei à Europa a 5 de Maio de 2012. Foi uma saída descontente, e dolorosa foram ordens superiores...

Agora estou a começar outra aventura. Como ainda não quero voltar para Portugal, estou em terras de sua majestade e vou tentar aqui a minha sorte como professor de matemática. É como passar do oito para o oitenta. É por essa razão que estou a publicar esta mensagem. Como urge o tempo e preciso de me preparar na língua vou, por agora, cortar no português e deixar de publicar até Dezembro. As peripécias são enormes nesta minha nova aventura mas tenho de me habituar a uma nova língua e não é por nada que sou professor de matemática.

Prometo manter umas recordações de tudo o que for passando e de tudo o que acontecer, para mais tarde publicar.

Até Breve...

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Guiné Bissau

Algum tempo após o golpe de estado do dia 12 de Abril, pode-se fazer um apanhado geral.
O que terá ganho os guineenses com este golpe de estado? Não sei responder a esta questão. Só sei aquilo que eu observo todos os dias. Bissau ficou "vazia", a população anda um bocado com medo, uma vez que grande parte da população que está em Bissau, ainda se lembra do que se passou 14 anos atrás, Guerra de 7 de Junho.
Estava na rua quando começou o tiroteiro de AK-47 e RPG7. Desta vez não durou muito tempo, o que me levou a pensar que tinham morto o Primeiro Ministro. Tudo o que se passou, levou-me a pensar o que vivi em 2009. Em 2008, assisti à tentativa de assassinato do Presidente da República, Nino Vieira. Era de madrugada e estava a dormir descansado, quando começo a ouvir tiros e rebentamentos. Os vidros do prédio onde moro começaram a abanar a cada rebentamento. Escusado será dizer que eu moro perto da casa onde foi feito o assalto. Ainda me levantei e fui à varanda da rua ver o que se passava. Quando me apercebi que eram tiros de AK-47 e RPG-7, fui logo para dentro do apartamento. Depois foram vividos momentos de tensão, tanto por mim como pelos meus colegas. Entretanto chegaram reforços e a favor do Presidente Nino Vieira e o tiroteiro foi-se espalhando pelo quarteirão. Chegou mesmo a existir tiroteiro debaixo do nosso prédio.
Em Abril de 2009 mataram o CEMGFA, Tagma isto ao cair da noite e nessa mesma noite mataram o então Presidente da República Nino Vieira. Mais uns momentos de tiroteiro, mais momentos de apreensão e mais momentos do "E agora?". Mais um duro golpe para a população guineense.
Depois veio, no dia 1 de Abril de 2010, mais uma escaramuça dentro das forças armadas com a substituição de Zamora Induta e a ascensão ao cargo por parte de António Indjai.
Em Dezembro de 2011 mais uma pequena escaramuça e finalmente temos o golpe de estado no dia 12 de abril de 2012.

Isto passou-se em 4 anos em que estive presente na Guiné-Bissau, foram 3 Presidentes da Répública, 3 Primeiros Ministros e uns quantos ministros da educação. Estive pouco tempo mas tive uma aprendizagem de vida muito grande. Sempre soube que mais tarde ou mais cedo regressaria a Portugal, mas e o que acontecerá ao país que me acolheu por quase 4 anos? E aos amigos guineenses que eu deixei? Que vi e acompanhei as mágoas dos mesmos sempre que mais um destes acontecimentos eram despoletados? Vi muita apreensão, muita incerteza e muita, mas mesmo muita tristeza. Consegui ver e sentir como o povo guineense é alegre e triste ao mesmo tempo. Também a esperança a resnascer a cada notícia que era ouvida, cada boato contado e cada um que era confirmado.
Foi com muita pena que eu vim embora da maneira como vim, gostava de me ter despedido dignamente das pessoas com quem trabalhava e de quem era amigo. De recordar os momentos passados e as aventuras passadas em terras distantes. De entre uma dessas memórias vem a de ter caminhado pelo meio de um campo minado da guerra colonial sem saber. Só meses mais tarde é que soube que ainda era um campo minado.

Resumindo, na Guiné RI, ESPANTEI E FIQUEI ESPANTADO, CONHECI E ATÉ CHOREI,

VIVI...

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Botânica

Estava eu a ver umas coisa por estes lados, quando de repente me apercebi de umas coisas. Vou esclarecer o assunto. Estava eu a ver umas fotos que tirei, quando achei interessante partilhar com vocês.

Acho muito interessante uma árvore que eu vejo e gosto de ver. Parece que no final de cada ramo tem um ramo de flores que dá vontade de retirar e oferecer. Mas é algo que não se pode fazer, pois a sua beleza está no fora do normal. Parece um ramalhete de flores que se encontra na ponta de um ramo. A natureza dá-nos lições de beleza fantásticos. Com as quais ficamos de queixo caído e sem resposta alguma para dar. Só sabemos e dizemos ou expressamos que é algo "FABULOSO" ou "SIMPLESMENTE MARAVILHOSO". Qual delas é a mais correcta ou qual delas é a que se usa mais? Se querem saber a minha opinião (e mesmo que não queiram digo na mesma) não sei e nem quero saber. Uso uma ou outra ou as duas ao mesmo tempo. É como calha e quando calha.

"Ramo de Princesa."
Digam de vossa justiça se não é belo. Também sempre disseram que gostos não se discutem, mas eu digo exactamente o contrário. Aquilo que se discute são os gostos e tenta-se sempre levar a outra pessoa ou pessoas para os nossos gostos. Logo e em conclusão, aquilo que se discute são os gostos. E acho muito bem que se discuta caso contrário o mundo virava todo ao contrário.

Agora outro tipo de planta, mais arbusto que acho que tem uma flor líndíssima.


Vejam o grande fotografo que eu sou...

terça-feira, 10 de abril de 2012

Verão

O verão de 2011 foi um bom verão, refazendo foi um óptimo verão. Fiz uma viagem por Portugal por alguns sítios dos quais eu gosto muito. Fui a Évora, sempre emblemática, a Portalegre e à minha querida Covilhã. Foram 5 dias de viagem mas foi uma viagem maravilhosa. Foi maravilhosa por duas razões, primeiro a companhia e depois a os sítios visitados.

Foi uma viagem onde pude ver horizontes novos, algo emblemático e que também me fez despertar algumas recordações do meu tempo de estudante. Évora é uma cidade bonita por si só, e dessa cidade pouco e muito posso dizer. Algo que podemos percorrer a pé. Ver e rever os pontos de interesse ou aqueles que nos chamam mais a atenção. Algo que causa um sentimento de voltar atrás no tempo. O problema de voltar atrás no tempo são os automóveis com a sua arma mais irritante que conheço, a buzina. Vocês já imaginaram um automóvel sem buzina? Se calhar até é multado, não tenho a certeza, mas vejam o descanso que é sem ouvir aqueles sons estridentes e às vezes horripilantes. Eu compreendo o porquê das buzinas e como elas podem ser importantes. Acho que utilizei o verbo correcto "podem". Se calhar a culpa não é dos automóveis virem equipados com uma buzina, mas sim dos condutores que as utilizam. Em parte faz-me lembrar uma canção do Grabriel "O pensador". Ele tem uma música que fala das armas, onde entra um diálogo de uma bala a falar que a culpa não é dela, mas sim da pessoa que prime o gatilho. Neste caso é das pessoas que pressionam a buzina. Como eu fui criado numa aldeia, aos sábados à tarde ouvia naão uma buzina mas sim uma corneta. Era a padeira para receber o dinheiro do pão da semana. Esses sons já se foram perdendo. As voltas que este texto já deu, é assim a vida sempre às voltas. Nós às vezes parecemos uns contadores de histórias. Para responder a uma pergunta que demorava 2 minutos no máximo, damos uma volta de meia hora. Será que se pode chamar a esse contexto uma necessidade de socializar? Não vou ser a responder a esta pergunta. Continuando, vamos ver algumas fotos que fui tirando. Antes de chegar a Évora passei pelo castelo de Arraiolos, muito ao longe lá estava ele.

Castelo de Arraiolos
Como podem ver eu sou eximio a tirar fotos e com o enquadramento nem se fala. E para mostrar que existe electricidade para aqueles lados, até apanhei o fio de electricidade ou sera do telefone? Não interessa, é um fio de qualquer coisa.
Praça do Giraldo.
Claustro da Sé de Évora.
Templo de Diana
Estes foram alguns sítios que fui visitando. Depois de Évora foi a vez de parar em Portalegre. Desta vez só por algumas horas, mas com direito a guia pessoal. Foi a vez de almoçar com um amigo e colega de profissão. Foi bom ter mantido contacto e ter passado por mais uma terra alentejana. Depois disso foi a vez de chegar à Covilhã, mas com uma paregem na Barragem da Marateca. Nos meus anos de estudante passei algumas horas na barragem, não a tomar banho, mas sim a pescar. Muita carpa pesquei eu naquela barragem. Era uma delícia ver o animal a saltar para for da água depois de uma luta com o mesmo.

Uma pequena parte da barragem Marateca.
Depois foi a chegada à Covilhã, nada de fresca mas quente. Uma visita à torre, sempre obrigatória e um jantar no meio de amigos. Amigos de longa data que bom foi revelos. Parecia que estava novamente no meio da cidade. Cidade essa que eu gosto muito e me sinto bem. É daquelas cidades em que se pode sair a que horas se quiser e se consegue andar pela noite fora sem problemas. Noite barata e apetitosa, sempre bela e formosa. Mais para o verão uma temperatura amena e fabulosa para se estar na esplanada com uma loirinha na mesa ou uma ginginha sempre a acompanhar. É um sítio geográfico onde vou e sempre que posso regresso.

O alto da torre nos montes Hermínios.
Agora lembrei-me de uma canção, melhor de um fado, cantado pela Amália Rodrigues "Covilhã, Cidade de Neve". Ouvi várias vezes essa canção cantada pelas "Moçoilas" e pela "Orquesta Académica Já b'UBI e Tokuskopus". Como eram maravilhosos aqueles festivais académicos e Latada. E falando de música, depois foi o culminar de uma panóplia de música com este concerto na terra. Vejam se sabem quem é? Recebem um rebuçado directamente da Guiné-Bissau.

Grande concerto e com copos.
E foi assim mais um bocado da minha vida partilhada...

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Liceu Dr. Agostinho Neto - Renovado

Já faz algum tempo que não venho a estes lados, mas as condições assim não o permitiam. Cá estou eu, ainda em Bissau com planos para o futuro. Se calhar esses planos têm-me ocupado algum tempo, mas são planos que me dão uma satisfação enorme em fazer. É algo que vai mudar a minha vida um bocado e eu estou muito contente por isso. Digamos que estou a pensar em mudar as minhas aventuras de lugar geográfico. O que implica que o contexto passa a ser diferente, assim como também as experiências vividas.
Já fiz, por várias vezes, um balanço da minha passagem pela Guiné-Bissau e que por sinal segundo algumas perspectivas não é muito boa, mas pela simplicidade das pessoas e pelo que aprendi aqui vai valer para uma vida inteira. É algo que posteriormente tenho para recordar e para contar. Mas contar a quem? A esta pergunta respondo facilmente, contar a quem perguntar e quiser ouvir... Esse balanço será apresentado mais tarde, para o mês de Agosto ou de Setembro.
Agora quero mostrar-vos a minha escola, sim porque já me considero parte dela e ela parte de mim. Por isso digo a minha escola e com todas as letras e toda a entoação que consiga dar no momento. É um sítio que gosto de lá estar e sem margem para dúvidas que é o estabelecimento de ensino mais BONITO da Guiné-Bissau. Ela foi recentemente remodelada, pintaram as paredes e construiram uma cantina. Sim, construiram uma cantina escolar onde os alunos e professores podem comer. Para vocês verem as novas mudanças seguem-se algumas fotos.

A entrada do liceu para o seu maravilhoso jardim.

A cantina escolar ao longe e o meio envolvente renovado e com mais jardim.

A cantina vista lateral.


A cantina vista de frente do lado esquerdo.

A cantina vista de frente do lado direito.


A cantina vista do lado exterior da escola.

Como podem observar na parede exterior da cantina encontra-se, uma vez mais, o rosto do patrono da escola.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Mais, mais Varela

Como não pode deixar de ser, tenho uma certa predilação por Varela. Então vou partilhar mais umas coisas com vocês. No final do mês de Julho de 2011, fiz uma incursão furtiva a Varela, onde fui descobrir mais uns pequenos tesouros. Desta vez levei um guia, nada mais e nada menos do que a "comandante" do Apart-Hotel ChezHelene. A Fá levou-me a ver um marco histórico, que marca a união de dois povos e uma famosa ponte, que hoje em dia já foi alterada.

Foi algo engraçado em ver coisas que não conseguia ver sozinho, algo que tive muito gosto em ir ver, ainda por cima com a honra do guia. Foi algo bom ver mais um pouco da Guiné, algo que começou à mais de 500 anos e que ainda existem fortes ligações entre os dois países. Ligações essas que nunca podem ser apagadas, pois as mesmas estão gravadas na história. História essa que une os dois países e por muito que se tente ignorar de alguma forma, nunca pode ser apagada.

Esta viagem foi também algo improvável, encontrei um canadiano que está a trabalhar em Beirute e isto tudo aconteceu em Varela. Foi algo engraçado e muito rico, pois encontraram-se várias culturas no local algo improvável "Coisas da Vida".




A ponte que vos vou falar, é uma ponto algo histórica, em inicialmente os pilares eram feitos de tambores, mas com o passar dos tempos foram substituídos por pilares de cimento. Tentem imaginar como seria tal ponte, como seria bela a ponte e que bem estaria enquadrada na cultura onde os tambores e outros instrumentos de percussão são utilizados em todas as cerimónias culturais.



E foi assim mais uma viagem a Varela onde descobri mais um pouco do pouco que sei...

Guileje

Mais um quartel. Desta vez um mítico para quem quem foi militar na Guiné na época da guerra colonial. tudo ficou destruido e agora está a ser recuperado. No recinto encontra-se uma anti-aérea que pertenceu ao PAIGC e um Unimog. Também se encontra um pavilhão que faz de museu, onde conta um pouco a vida do quartel militar e dos guerrilheiros. Algo que nunca irei conseguir compreender o que se passou por aqueles lados em tempos tão conturbados. Agora só os visito e tento perceber de alguma forma como foi. Uma coisa eu sei, na minha visita pelos vários quartéis tenho encontrado guineenses que foram antigos militares portugueses e agora sentem-se abandonados, por uma pátria pela qual combateram.

Aqui ficam algumas fotos do estado actual do quartel e parte da sua reabilitação.





Passadas algumas décadas pode-se ver uma coisa tão simples como esta, uma borboleta a voar descansadamente mesmo no meio do antigo quartel.


E isto tudo à porta do actual museu...












Aqui está um dos famosos AEROGRAMAS...
Quantas histórias e quantos sentimentos não terão sido pensados, escritos e transmitidos através destes simples papéis...






Aqui pode-se ver a porta de armas de Guileje, onde por baixo se pode ler "Gringos"...


Aqui pode-se ver um corredor de garrafas, pois alguém dizia que ali combateu-se muito, mas também se bebeu alguma coisa.


Aqui pode-se ver o antigo heli-porto.


Podemos ver algumas munições, desactivadas, num antigo paiol.

Algumas caixas de munições de artilharia.
Segundo a pessoa que nos explicou e que está a recuperar no quartel, tem-se em vista de utilizar aquele espaço para construir um centro de formação profissional. Esperemos que tal aconteça, pois todos os países precisam de mão de obra qualificada nos vários ramos.