sábado, 19 de novembro de 2011

Gandembel

Em Julho passado fiz umas incursões ao sul da Guiné-Bissau. Fui ver o estado de alguns antigos quartéis militares portugueses durante a guerra colonial. Fui ver alguns quartéis junto da fronteira com a Guiné-Conacri, e posso dizer que o sítio em que estive mais a sul na Guiné-Bissau continental foi em Cameconde.
Foi uma daquelas viagens em que fui ver uma paisagem deslumbrante e também conheci mais "gentes" da Guiné. Sempre amáveis e prestáveis. Hoje vou mostrar-vos imagens do ex-quartel militar de Gandembel.
Eu nunca fui à tropa, por isso o que irei escrever pode conter alguns erros. Mas foi o que eu apanhei pela conversa dos meus dois companheiros de viagem. à primeira vista, nem parece ter sido um quartel militar, pois a vegetação encheu por completo o recinto do quartel. E a destruição total do quartel, quer na altura da guerra como também mais recentemente para retirar o metal que estava na construção das vigas de suporte dos edifícios. Mesmo assim ainda se pode ver e identificar algumas trincheiras, um "poço" de morteiro onde estava separado das munições para o mesmo e restos de edifícios. Uma coisa foi certa, mosquitos não faltavam por aqueles lados, eram autênticas nuvens deles que nem o repelente mais forte conseguia afastar.


Dentro do parque nacional de Cantanhez encontramos esta placa que nos indica o local.



Entrada para um abrigo.

O que resta de um edifício.



Um abrigo onde estaria um morteiro, ligado por uma trincheira onde estaria as munições do mesmo.

Não se consegue ver muito bem, mas no meio da vegetação ainda se consegue ver o que resta de uma trincheira.

O mais interessante, é que em Novembro voltei a fazer a mesma estrada. Em Julho andei por tudo quanto era sítio dentro e fora do ex-quartel militar. Nesta última viagem pensava em fazer o mesmo, uma vez que os companheiros de viagem eram outros, mas por incrível que pareça tal intento não foi possível. Estava a decorrer um processo de desminagem em redor do quartel que ainda irá durar uns meses. Então pensei, que em Julho tinha percorrido todo o caminho a pé em redor e dentro do quartel. As pessoas que estavam a fazer a desminagem disseram que até então tinham encontrado 39 minas.

Mais um aspecto interessante da minha viagem. Nos próximos post's irei escrever sobre outros quarteis, tudo na mesma linha de defesa...

domingo, 13 de novembro de 2011

Mural em Coimbra

E depois de um ano de blog aberto e de algumas histórias pelo caminho, ainda cá estamos.
De cada vez que eu regresso a Bissau tenho que apanhar o comboio em Coimbra em direcção à Gare do Oriente. Depois é ir até ao aeroporto e entrar dentro do avião.
Antes de entrar no comboio, fico sempre a olhar para um mural que eu gosto particularmente e que agora partilho com vocês.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Portugal, Inglaterra, Guiné-Bissau

Dia 30 de Outubro regressei a Bissau, para mais umas aventuras pelo caminho. Isto foram alguns sítios por onde andei de Verão ...






Aqui está o autocarro do Harry Potter...

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Partida

Hoje estou de partida. Vou a Portugal passar o mês de Agosto, para depois regressar novamente a Bissau, isto é se tudo correr bem. Vai ser bom voltar a ver amigos e caras conhecidas, ir a bailaricos de terras, e coisas afins. Eu vou de férias, mas vou dando notícias uma vez que já estão prometidas à bastante tempo delas do sul da Guiné.
Até Breve...

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Sul da Guiné-Bissau

Estes últimos fins de semana, tenho vagueado até ao sul da Guiné-Bissau. Tenho estado a reviver história comum e não muito longe da nossa actualidade. Tenho vagueado por antigos quartéis portugueses e aprendido algo sobre a sua história e a sua importância que tiveram em tempos conturbados. Já passei por Guilege, Iemberém, Dadamael-Porto, Cacine, Cameconde e Gandembel.
Como a história se fez e o que passaram, só se pode imaginar, pois eu nunca posso dizer que foi como um reviver.
Mais tarde hei-de dedicar uns post's relativamente a esta temática...

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Doces

Nem sempre quando acordo tenho vontade de enroscar o punho, desta vez foi para fazer alguma coisa doce. Uma coisa docinha e bem bonita, quer dizer pelo menos pintalgada está de certeza.
Alguém quer um bocado?

Uma coisa doce num país distante...


segunda-feira, 4 de julho de 2011

S. Domingos

Ontem, acordei novamente com um sensação de que ia enroscar o punho. Sabia que tinha o tanque cheio, a vontade não me faltava, então só tive que ir confirmar uma coisa. Levantei-me e fui à net ver o tempo. Dava uns choviscos, mas nada demais, mochila às costas com o essencial para algumas eventualidades e pneu na estrada. Desta vez a tirada foi mais pequena, foram só de 250 quilómetros, ida e volta. Como tinha ido até ao leste do país na semana passada, esta semana fui até ao extremo norte. Fui dar uma volta a S. Domingos, que fica a 125 quilómetros de onde estou a viver. 125 quilómetros e duas pontes depois, até parece magia, como fui na minha menina que é uma 125cc, fiz 125 quilómetros. Foi uma almoço engraçado e uma viagem bastante interessante. Deu para pensar em muita coisa, e tomar algumas decisões, é por isso que gosto de andar de moto. Chegamos a uma altura em que somos nós, a moto e a estrada, tudo o resto é uma ilusão. É um sentimento de liberdade que temos em cada tirada, uma liberdade algo perigosa, isso assumo que é. Mas é uma liberdade bela e boa, uma liberdade que tem por pilares dois bocados de borracha que nos liga ao solo, à terra, ao mundo e aos buracos...

Capacete na cabeça, vontade de andar de moto e punho enroscado...

Após ter passado duas pontes, a última delas em S. Vicente, a paisagem mudou, ou pelo menos acentuou-se, já não via as bolanhas de arroz que são mais características do interior do país, mas era diferente este ambiente.



S. Domingos fica localizado na margem norte do rio Cacheu, então lá levei a minha menina até à beira da água, onde esteve já um pequeno porto montado .





Como podem ver, a minha menina fica bem do lado esquerdo e do lado direito da fotografia. É tudo uma questão de posicionamento. Não sei porquê, mas o facto de existir mar ou rio dá sempre uma enorme vontade de colocar a linha na água e depois logo se vê o que vi dar, mas desta vez foi mesmo só de vista.

Uma das ruas de S. Domingos que dá acesso ao rio.

É claro que para ir até Varela, tem que se passar por S. Domingos, enquanto o almoço ficava a fazer, fui andar um bocadinho na picada de 53 quilómetros que separa S. Domingos de Varela. Também andei pouco, mas encontrei algo interessante. É que a picada tinha sinais de trânsito, o que achei curioso, pois em Bissau não existem muitos. Confirmem com os vossos olhos...

Como podem verificar, o sinal indica curva à esquerda seguida de uma curva à direita. E não era que se verificou...


E que tal uma barricada na estrada? Por acaso quando vi pensava que já não conseguia passar, mas chegando mais perto reparei que tinham feito caminho pelo lado esquerdo, era mais fácil... Mas não deixa de ser pitoresco e curioso.



Na Guiné existem muitos termiteiros, e alguns deles bem, mas bem grandes, vejam por exemplo o que está por detrás e usem a moto como escala.


Por estes lados chamam Baga-Baga aos termiteiros. Parecem obras de arte, construções perfeitas com ar-condicionado e perfeitamente ventilado. E ainda por cima aguentam as tempestadas e as trombas de água que se verificam na época das chuvas. Depois disto só mesmo um almoço para depois regressar a Bissau.

Foi assim que se fez uma tirada de moto e enrosquei o punho o tempo que quis. Mais uns quilómetros para acrescentar. E sabem uma coisa, imaginem que dado tão curioso, é que tive que atravessar as mesmas duas pontes para chegar a Bissau. É exactamente como eu costumo dizer que associado a uma descida está sempre uma subida, ou vice-versa. Dado curioso e tudo depende do sentido da marcha que queremos imprimir. Esqueci-me de relatar uma coisa, na ida foram duas pontes e uma paragem no posto de controlo de Ingoré, polícia novo de idade e muito simpático que encontrei. Foi um bom bocado de conversa que tivemos, acima de tudo um bom polícia a nível profissional.

Alongo da viagem também fui atingido várias vezes, sim  posso empregar a palavra atingido. Os insectos eram "mais que muitos" e na viseira do capacete parecia que estava a fazer um picasso, parece não, fiz mesmo um picasso e bem bonito que ele estava. Tanto que quando o usei a segunda vez, tive que ir lavar a viseira, pois não conseguia ver quase nada.

Mais um bocado de mim que ficou naquelas estradas e um bocado de pneu, ou seja de ferradura da minha menina. Assim posso dizer que deixei algo meu por onde passei.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Bicharada

Hoje vou descortinar um pouco mais de mim. Eu e os répteis não somos muito fãs, neste caso acho que é da minha parte para com eles. Mas gosto de observar os ditos animais, e por estes lados é coisa que não falta.
Esta semana, estava a trabalhar no INDE, numa proposta para a revisão curricular do ensino básico, quando começo a ouvir uns barulhos vindos da rua. Vou à janela e vejo um enorme réptil com perto de metro de comprimento. Sim, disse enorme porque digamos que não é coisa que eu veja todos os dias. Estavam dois répteis a lutar ou a fazer qualquer coisa parecida. Perguntámos ao colega guineense que estava a trabalhar connosco como se chamava. Ele prontamente disse que não se lembrava, mas saiu porta fora e foi perguntar a outro colega. Passados uns momentos, apareceu a dizer que se chamava Linguana. Ora vejam algumas fotos...



Ora vejam o bicho, eu sei que a foto está má, mas é o que se pode arranjar. O próprio nome pode indiciar a iguana, mas depois vendo com atenção, mais parece um varano. De qualquer forma ele ou ela era grande e corria que se fartava. Quando cheguei à residência, estive a falar com um guineense que me informou que era uma carne bastante saborosa. Cá está mais um prato gastronómico para provar, se calhar uma iguaria de comer e chorar por mais. Quem sabe se um dia levo mais um bocadinho da Guiné-Bissau comigo...

terça-feira, 28 de junho de 2011

Liceu Dr. Agostinho Neto

Em Abril o loceu recebeu um donativo de empresários angolanos que estavam de visita ao país. Como o liceu tem o nome do primeiro presidente de Angola, um grupo de cidadãos angolanos visitou o liceu e decidiu doar uma certa quantia de dinheiro. Quantia essa que foi utilizada para arranjar os muros que delimitam a escola e para construir uma cantina escolar. Já mostrei as fotos a algumas pessoas que passaram pelo liceu como agentes da cooperação, algumas achavam que estava bonito, outras acharam que estava pior. Na minha opinião qacho que está melhor, mais colorido e com as suas delimitações bem definidas. Foi pena a cantina não ter sido terminada, pois o dinheiro não chegou para tudo, mas o que foi feito, já foi um grande avanço. Vejam então o evoluir da futura cantina escolar.





E está assim o ponto de situação da futura cantina escolar. Os alunos agora estão em provas globais, mais uma vantagem do próprio gradeamento e do portão, é que durante as provas, pode-se vedar a entrada a pessoas estranhas que possam vir a provocar distúrbios.




Como podem reparar, na minha opinião está mais bonito. Nem que seja pela pintura nova que recebeu. Agora peço que às pessoas que passaram pela Guiné e em especial pelo Liceu Dr. Agostinho Neto, que comentem a nova aquisição de imagem do liceu. Mais um bocadinho perto do ideal...

sábado, 25 de junho de 2011

Guiné-Bissau

Hoje, acordei e apeteceu-me ir dar uma tirada de moto e enroscar o punho. Assim o fiz e que bem me soube. O tempo prometia não ajudar, mas ajudou bastante, estava fresco e sem chuva. Lá parti eu sem saber ao certo o que me ia esperar nem o destino definitivo. Depósito atestado, mochila às costas com uma garrafa de água, um kit de tacos e uma bomba de dar ar e marchei. Melhor, enrosquei o punho e coloquei em movimento a minha minha menina, mas comigo a comandá-la pois tá claro. Já não fazia uma tirada de hoje há bastante tempo... Que saudades não tinha...
Recentemente um "casco" da moto sofreu uma pequena intrusão. Mais propriamente no "casco" traseiro, um prego de meio solho que estava a mais. Foi numa andança minha pelas ruas de Bissau, mas que resolvi o problema rapidamente com um conjunto de tacos, uma espécie de remendos que se usa para pneus sem câmara.
Mochila às costas e lá arranquei eu. Decidi o trajecto e queria ir almoçar a Bafatá. Assim foi, segui a caminho do aeroporto "Osvaldo Vieira". Parei pouco antes de da corda de Safim, pois estava a pingar, e vesti um casaco. Montei novamente e arranquei. Passei por Jugudul e foi quando comecei a ficar maravilhado com as paisagens. Foi como se a Guiné-Bissau estivesse a renascer novamente. Como se tivesse acabado uma etapa e outra mais alegre estaria para começar. O despontar do VERDE foi algo espantoso, bonito e maravilhoso... Foi como se doutro sítio se tratasse, note-se que a última vez que me lembro de passar por aquela estrada e ir com atenção foi na época seca. Agora estamos no início da época das chuvas e como já choveu alguma coisa o VERDE está a aparecer. Foi lindo olhar para as bolhanhas e ver que onde antes reinava o castanho da erva seca, agora estava o verde a ganhar terreno, e que o seu reinado está para começar.




Já se viam os animais a pastarem contentes em rebentos tenros e verdes, em vez da erva áspera e seca...




Reparem que não são só os bovinos nas novas pastagens, mas também as garças por lá andam.
Imaginem agora o seguinte cenário. De um lado o verde e do outro lado a terra arada para receber mais uma cultura do arroz. Foi esta situação em que me deparei, de um lado da estrada o verde todo com os animais a pastarem e do outro lado da estrada a terra arada. Foi como se a estrada fosse uma divisória, uma linha a definir o limite. E ainda deu tempo para ver uma casa ao longe no meio de tanta verdura...


Conseguem vê-la mesmo ao longe?
Resultado, fiz uma tirada de 300 km para ir almoçar. Foi algo que eu apreciei muito e vou repetir brevemente. Eu a estrada e a minha Honda. Houve alguém que me disse que moto se escrevia com H, o que eu concordo plenamente, porque depois de uma Honda tem que ser mesmo uma Harley.

domingo, 19 de junho de 2011

Farim

Já me encontro em Bissau desde do dia 30 de Maio. Foi um regresso tranquilo e acolhedor, voltar a este calor e a esta terra vermelha que é a Guiné.

Este Sábado fui até Farim. Desta vez tenho informações mais precisas de Farim, e posso dizer que estive lá. Não foi um Farim à vista, mas sim um Farim presente e bonito. Foram 112 quilómetros de estrada, 60 até Mansoa em estrada muito boa, e 52 até Farim em estrada bem má. O problema da estrada não foram propriamente os buracos, quer dizer, pensando bem até foram. Existe algum alcatrão no caminho e no meio desse alcatrão formaram-se os ditos buracos. Resultado, foram 52 km de buracos e ir sempre devagar. Foi um dia bonito e algo quente, muito quente...
Mas devagar lá chegámos à terra onde morreu Titina Silá, considerada pelos guineenses, como sendo uma heroína da guerra da Libertação.
Assim que chegámos tivemos de atravessar o rio Cacheu. Decidimos ir de piroga, neste caso pirogas grandes e que chegavam a transportar umas vinte pessoas. Sentadas lado a lado em várias travessas numeradas. Fomos na piroga mais colorida e a viagem custou 150 CFA por pessoa.

Aqui vai ela após ter largado os passageiros.
 É claro que também existe uma jangada a motor e que se chama "Titina Silá".


Assim que chegámos a Farim, encontrámos um espaço bonito e acolhedor junto ao rio. Um espaço que deve ser bastante calmo e tranquilo num final de tarde. Também estáva lá um pequeno monumento à heroina da Guiné-Bissau.



Uns passos mais à frente e vem o tal espaço que referi anteriormente. Até piscina o espaço tinha, tinha quer dizer, ela está lá mas está vazia. O espaço também tem umas formas geométricas muito engraçadas a separar os vários jardins. Algo que não encontrei em mais nenhum lado na Guiné. Será que as pessoas de Farim são geómetras? Isso não sei, mas sei que encontrei algo muito curioso que pousou para a foto. E que postura não tinha. Toda emproada e altiva. Cabeça bem levantada para ver o que se passava. Se calhar estava a montar guarda ao espaço. Vejam e depois digam a vossa opinião.



Aqui está a nossa personagem.

Contemplem a geometria

Como puderam reparar, no meio do espaço existe um monumento. Tem a forma que faz recordar uma vela ao qual eu tirei uma fotos mais aproximadas e consegue-se ver os instrumentos de navegação na sua perfeição.



É claro que com tanto calor à que aproveitar um local à sombra e à beira rio...
Saindo do rio lá fomos dar uma volta pela cidade. Ainda se vê os fios de electricidade nos postes. A electricidade essa existiu até Setembro do ano transacto. Passámos pelo hospital, pelo liceu, pelo antigo quartel militar português. Até andámos pela Avenida Viana do Castelo.

Parte do quartel miltitar.

Mais algumas instalações do antigo quartel militar português de Farim.


Avenida Viana do Castelo
É claro que não podia deixar de ter uma igreja com o respectivo campanário...



E como a hora do almoço já tinha chegado lá fomos nós à procura da carne de cabra, pois tá claro. E até estava saborosa.

Ainda se pode ver a cabeça no chão...


Lá está ela a assar no lume...

Claro que como estamos na Guiné, tem se existir uma acácia rubra para dar uma outra cor, são sempre fantásticas estas árvores.
 
Esqueçam o que está à volta e olhem só para a árvore com flores. É fantástica...
Ainda passeando mais um pouco encontrei mais um ser vegetal que achei curioso. Uma vez mais, peço ajuda aos biólogos que caracterizem-na e que me informem do que se trata. Eu penso que é uma espécie de cacto, mas não posso afirmar nada mais.
 
 
E depois de visitar mais um lugar regressámos a Bissau, ou seja mais 52 km de estrada em mau estado. Mas valeu a pena e ainda por cima pelo caminho comprei mangas e fole. Estavam uma maravilha as mangas e o fole deu um doce fantásticoooooooo.