Varela, ora aí está um conceito de praia na Guiné-Bissau continental. É uma zona muito bonita, no extremo norte encostado ao oceano Atlântico. Zona de praia lindíssima que originalmente é povoada por Felupes. Decidi lá ir passar um fim de semana na companhia da alguns amigos e da Fá, no "Chez Helene". Saimos cedo e fomos andando devagarinho e sempre sem pressa, porque quando se está de fim de semana e se vai passear é para passear, por isso mesmo é que demorámos quatro horas e meia para chegar ao destino. Pelo caminho encontrámos uma candonga, é um transporte de passageiros. O que tinha esta candonga de especial? Além de ir cheia de pessoas no seu interior, de levar carga em cima, ainda iam duas pessoas penduradas do lado de fora a conversar normalmente. Uma delas ainda levava três bidões de 20 litros agarrados e estava a segurar-se só com uma mão. Até aqui já pode existir algo de estranho... Talvez um pouquito mas o melhor disto tudo é que iam a uma velocidade entre os 80 e os 90 km/h...
Mas aquilo é que eles conversavam normalmente como se não fosse nada com eles. Mas lá continuámos nós a nossa viagem rumo ao destino pré-estabelecido. Parámos em S. Domingos para tomar o pequeno almoço, último troço de alcatrão, porque a partir daqui é só picada, estrada de terra batida com muitos buracos, pode ser uma definição aceitável.
Para fazermos 50 km de picada demorámos 1 hora e 30 minutos, foi dose algo elevada. Pelo caminho encontrámos uma ponte algo duvidosa, atravessámos uma bolanha, pois a estrada tinha demasiados buracos mesmo para um Land Rover.
Encontramos um guarda que nos deu as boas vindas em toda a largura da estrada, já na picada, e ainda por cima tinha dois sentinelas com penas, um de cada lado.
Pelo caminho encontrámos um lugar de repouso...
Quantas histórias já se terão contado debaixo deste abrigo? |
Por estes lados e como não existe electricidade pública, as pessoas ainda se reúnem e contam histórias umas mais recentes que outras.
Depois de hora e meia lá chegámos ao nosso destino Varela, mais concretamente ao sítio onde iriamos passar a noite. Aqui fica a informação completa para quem queira vir até Varela e não tenha onde ficar.
Como chegámos tarde, fomos muito rápidamente dar um passeio até à praia. Assim que lá chegámos encontrámos umas apreciadoras de praia muito peculiares. E estavam com um bronze bem amarelinho.
Nós eramos 4, ainda tentei juntar o pessoal para fazer uma pega de caras, mas à última hora desistiram todos. Olhei para cima e vi uma coisa muito curiosa, além das árvores envolventes serem todas eucaliptos, ainda havia uma árvore que tinha sido cortada, mas o tronco ficou com a altura exacta de fazer um banco. Deve ter sido um vigilante qualquer para vigiar a costa mais confortávelmente. A outra teoria é porque alguém queria ter um sítio para se sentar e apreciar a tranquilidade do mar e tentar ver o infinito para além do horizonte...
Imaginem estarem sentados naquele banco que demorou anos a crescer e segundos a ser derrubado para obter uma vista para o mar. Mas temos que admitir, embora a construção do banco não foi a melhor, mas a vista é simplesmente MAGNÍFICA...
Caminhamos pela praia devagar e fomos reparando na erosão que a praia está a sofrer. Confirmem com os vossos olhos aquilo que eu vos acabei de contar.
Caminhamos pela praia devagar e fomos reparando na erosão que a praia está a sofrer. Confirmem com os vossos olhos aquilo que eu vos acabei de contar.
Também reparámos em algo meio estranho no meio da praia, mas que em tempos idos não estava mesmo no meio. Encontrámos uma fossa de esgotos, que deve ter sido construída debaixo de terra, mas com a força da erosão está no sítio em que está. Olhamos à volta e mal descobrimos uma casa aqui e outra acolá, mas foi mais um marco que encontrámos de uma presença anterior.
Vejam o que a erosão fez e está a fazer a uma praia maravilhosa. Quando regressámos encontrámos um placar amigo do ambiente. Um placar em que está bem visível a preocupação do ecossistema. O placar apela a uma preservação de uma das muitas maravilhas encontradas na Guiné-Bissau.
Fomos ao repasto. De tarde voltamos, desta vez armámos as canas e fomos à aventura, a pescaria não correu nada bem mesmo, um ou outro bagre e umas corvinas que pareciam sardinhas, mas valeu a pena só pelo tempo que se teve em mais um dos paraísos.
Este a pescar não sou eu, mas faz parte da brigada da pesca do PASEG. |
Como não podia deixar de ser, lá teve que ser umas fotos onde se via o meu novo cavalo, que me levou mesmo à praia. Quando digo que me levou à praia, levou mesmo, ora vejam...
E este Pôr do Sol... |
E assim se passou mais uma tarde em Varela. Como fomos lá de manhã e de tarde, só falta a noite. No final de jantar lá fomos uma vez mais até à praia. Desta vez decidi tirar umas fotos à lua, resultado se conseguirem ver a lua avisem porque a experiência não correu nada, mas mesmo nada bem...
Querem ver que a lua mexeu-se? |
No outro dia lá veio a despedida e pois tá claro, como estamos na Guiné nada melhor do que umas boas e grandes ostras, mas mesmo grandes, como um colega meu diz são bifes de ostras.
No final de almoçar foi ir buscar as coisas aos quartos, e irmos de volta ao caminho a Bissau. Antes de sair um último olhar ao quarto e vamos embora, mas sempre com um certo pesar de que no dia seguinte é dia de trabalho...
Claro que no final fica sempre um bocado desarrumado. |
Mas no regresso ainda tivemos tempo para apanhar mais um Pôr do Sol sobre a ponte João Landim. Desta vez demorámos 3 horas e meia. Menos um bocado, mas também desta vez só parámos uma vez.
E foi assim que eu trouxe mais uma experiência de mais um lugar estrondoso, e deixei mais um bocadinho de mim por estes lados. Venham até aqui e vejam pelos vossos próprios olhos o que eu tento descrever com algumas fotos e poucas palavras, porque nunca fui muito dado à escrita.