terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Cerimónia do "Pano Branco" parte 2

Como tinha prometido aqui vai mais uns pequenos pormenores que acabei de saber hoje. Quando o noivo saiu ao encontro da noiva e lhe deu uma moeda de 500 CFA, ele também recebeu uma moeda dela de 100 CFA. O simbolismo está na quantidade. Resumindo, ambos podem trazer dinheiro para o sustento da família, mas o noivo tem que trazer uma quantidade maior do que a noiva. Algo que é muito interessante.

A senhora das cabaças que entra em primeiro lugar no quarto do noivo, coloca as cabaças entre a parede e a cama. Cabaças essas que vêm cheias de comida, galinha, mancarra (amendoim), arroz e milho. Esses alimentos são comidos no dia a seguir ao casamento e até aí existe um ritual próprio. O noivo e a noiva sentam-se os dois no chão e o noivo começa a desembrulhar os panos que estavam a unir as várias cabaças. Em seguida, faz-se uma competição para ver quem consegue colocar os primeiros alimentos na boca. Se o noivo ganhar, conta a lenda que, todos os filhos que nascerem da união são meninos, se a noiva ganhar, serão raparigas. O ritual é feito com vários apoiantes quer por parte do noivo, quer por parte da noiva. Mais ainda vos digo, existe um árbitro que dá o sinal de partida.

Neste caso em particular o noivo fez uma aldrabice. Quando destapava o comer e antes da partida, tirou rapidamente um mão cheia de comida e comeu, logo ele ganhou.

E é assim que é construída a cultura na Guiné-Bissau, em pequenas coisas que a tornam tão rica e tão única. Por pequenas coisas, que depois se tornam esplenderosas, intrigantes e magníficas. E como eu nunca faço poucas perguntas vou aprendendo cada dia um pouco mais e cada dia me vou enriquecendo.

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