segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Orango

Este fim de semana fui até umas das ilhas do arquipélago dos Bijagós, Orango. Para mim, a melhor ilha que fui até hoje. Acho o serviço muito bom, e as pessoas muito atenciosas. Esta foi a quarta vez que visitei a ilha. Digo e continuo a dizer ainda hei-de lá ir mais umas quantas vezes, portanto quem quiser acompanhar-me é muito bem-vindo. A ilha faz parte do Parque Natural de Orango, logo é preciso ter algum cuidado com o que se faz.
O intuito desta viagem era ir ver os famosos hipopótamos, sim porque as três vezes que lá fui ainda nunca os tinha conseguido ver, mas agora vinguei-me e vi 17 de uma só vez. Faz-me recordar o João sem cuidados que matou sete de uma vez. Não matei, mas vi e bem grandes que eles eram.
A ilha em si é uma maravilha, parece que mudámos de planeta, não é que eu conheça putros planetas mas vale a pena lá ir.
A unidade hoteleira é constituida por dois bungalows, albergando um total de 15 pessoas, duas pessoas por quarto e um dos quais podem dormir 3. Então podemos logo deduzir que passamos para um ecoturismo. Não tirei fotos das instalações, pois a minha meta é sempre ir ver a natureza em que estão inseridas.
Chegámos ao entardecer de sexta-feira, depois de 4 horas de viagem de barco, na hora do jantar fizemos os planos para o dia seguinte, ir ver os quadrúples em questão.
Na manhã seguinte tirei algumas fotos da fauna e flora que se pode encontrar no hotel.



Floresta deambulante de pontos brancos

A floresta ainda mais assutadora, com 15 cm de altura.
Também lá estavam uns arbustos com umas flores fantásticas que eu já encontrei no continente velhinho.



Observem o poderoso esquilo com os seus peitorais de quem faz alterofilismo.

Partimos para ir ver os hipopótamos, como sabia que ia ser uma longa caminhada, comi um pequeno almoço reforçado, como gente grande... Depois, foi tirar fotos da paisagem.




Pelo caminho também encontrei uma coisa estranha que vou agora partilhar com alguém.

Será bruxedo?
O que vem a seguir é o que se chama de uma casa bem lotada. Os inquilinos são os tecelões que têm uma trabalheira descomunal.


E assim chegámos ao que interessava, ver uns grandes bichos, mas mesmo grandes...


Ainda andei a ver se via a Popota, mas não consegui.
E é assim que fico com mais um bocadinho desta terra comigo, e a levarei para sempre. Mas a partir de agora, quem ler isto também fica responsável e quer queira quer não também ficam com um bocado de Guiné-Bissau dentro de vocês.
Nos próximos post's vou colocar mais coisas de Orango e desta viagem, ainda tenho algo que quero partilhar...

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Saudades de Portugal

Estava eu descansadinho a dar uma vista de olhos no disco externo, quando de repente encontro umas fotos apelidadas de "Telha 2006". Vieram logo as saudades dos arraiais de Verão, com mais ou menos pessoas, com mais ou menos folia, mas sempre com a barraca de finos a funcionar. Para quem desconhece a palavra fino, é a mesma coisa do que imperial, só que com fino gasta-se menos saliva e tem-se mais tempo útil para beber. Sim porque nestas festas todo o tempo tem que se rentabilizar o tempo ao máximo.
Voltemos ao início, a Festa da Telha é uma festa que se realiza todos os anos na Presa, que é uma pequena aldeia que pertence ao concelho de Mira, distrito de Coimbra. Todos os anos no segundo domingo de agosto é realizada a festa em honra do padroeiro S. Miguel. A festa tem parte religiosa onde é efectuada uma missa e uma procissão e também tem uma parte pagã, onde se incorpora a festa da Telha.
Para ir participar na festa da Telha tem que se ir apetrechado a rigor, encontrar uma telha caleira antiga, levar um recipiente para transporte o sumo vital, e muita vontade de correr, saltar, brincar e beber.
Tudo tem início na segunda-feira,sim porque tudo tem o seu ritual próprio, durante o dia vai-se buscar a Bandeira a casa do mordomo que esteve incutido de a guardar durante um ano inteiro em sua casa, mordomo é a pessoa que organiza a festa e é nomeado pelos seus antecedores.  Pela tarde foras as pessoas começam a juntar-se no recinto da festa, onde um conjunto já está a montar o "aparato" para mais tarde brilhar. Os mordomos que foram nomeados para o ano seguinte têm agora a tarefa da passagem de testemunho, todos se dirigem ao recinto da capela, para aí se proceder à passagem de testemunho de uns mordomos para os outros, de uns filhos da terra para outros filhos da terra.
Depois de iniciado o ritual, nada mais o pode parar, é percorrer as ruas da terra sempre com a bandeira à frente e os gaiteiros a acompanharem.









Como puderam ver pelas fotos, a bandeira segue à frente e atrás vem as pessoas que queiram participar.
Após ter-se percorrido todas as ruas da aldeia a bandeira segue para um destino pré definido, onde estão montadas umas mesas para levar os tremoços e uns barris de vinho para animar a malta e conseguir-se molhar a garganta.







Nas fotos em cima está exactamente a chegada da bandeira ao recinto, e a ordem para se abrirem os pipos de vinho. Regras para o jogo seguinte:
1º Ter recipiente para transportar o vinho até às pessoas;
2º Possuir uma telha caleira;
3º Quem quiser beber vinho tem que colocar o joelho no chão;
4º Queixos na telha e beber;
5º Para parar basta fazer sinal à pessoa que está a deitar o vinho na telha.

Eu já tenho um par para a minha equipa, eu tenho um penico para transporte do vinho, devidamente autorizado pela ASAE, e o meu primo possui a telha, ferramenta toda completa.
Segue-se uma ilustração de como deverá ser feito tal procedimento, neste caso a pares.

Procedimento correcto

Após os tremoços acabarem e o vinho começar a trepar, está na hora de regressar ao arraial, onde o conjunto, grupo musical já está à espera dos foliões para darem um pezinho de dança, se forem como eu dou os dois pés e ainda assim não consigo dançar. Coisas da vida.



E é assim que se tem todo o processo.
Isto com a Guiné-Bissau nada tem a haver, mas como estou cá e Portugal está lá, porque não considerar em terras distantes?

domingo, 21 de novembro de 2010

Ida a Cacheu

Na quarta feira passada fui até Cacheu. Cidade para mim umas das mais bonitas que eu conheço na Guiné-Bissau. Só o facto de ter um enorme espaço verde ao pé do antigo forte já é bonito o suficiente. No caminho, Bissau – Cacheu, encontra-se uma variedade de paisagem deslumbrante, temos uma “avenida de árvores” que proporciona uma sombra fantástica nos dia de calor intenso antes de chegar a Canchungo, antiga Teixeira Pinto. A seguir a Canchungo a paisagem muda completamente passamos a ver florestas de palmeiras principalmente palmeiras que dão o Ancol, é um fruto que mais tarde irei falar dele. Paisagens gloriosas é o que se pode encontrar por esta Guiné fora, terra de cor vermelha.
A ida a Cacheu teve um propósito, o de ir pescar, pois a última vez que estive lá, trouxe para casa uma corvina de 4,5 Kg. Indo com a mesma perspectiva desta vez, no entanto desta vez só foi mesmo com a perspectiva porque resultado nulo. Pescou-se bagre, esquilon e um peixe com um nome bastante peculiar chamado “manel caralho”.
A aparência não é a melhor, não é comestível, mas daí até ter o nome que tem é algo que dá que pensar. O que terá feito o peixe para ter tal nome? Já agora se o peixe tem esse nome como se chamaram os pais do dito cujo? Aqui estão algumas perguntas as quais vamos pensar e repensar um bocado, mas não muito.


Este é o manel.



Este é o bagre.



Em primeiro plano temos o esquilon.




Para terminar a pescaria toda, nem vos digo o isco que gastámos, camarão tigre para assar...

Cacheu foi o lugar onde os portugueses desembarcaram inicialmente. Também foi lá que foi instituída a primeira capital da Guiné. Numa visita anterior a Cacheu, tirei estas fotos do forte e do seu espaço circundante, não são as melhores, mas como não tenho nenhum curso de fotografia e nem sou grande amante, são as que são. No interior do forte existe várias estátuas da época colonial que foram desterradas para o interior das mesmas. Consegue-se ver umas peças de artilharia em bom estado de conservação, onde ainda se vê os símbolos da coroa portuguesa.










Uma das estátuas presentes no forte.











A vista exterior do forte.

O ano passado fui no meu cavalo de tróia até Cacheu. Até aqui tudo bem, no regresso matei uma galinha. Como os animais por estes lados andam à solta pela rua, galinhas, cabras, vacas, porcos, …, aquela galinha no momento exacto que ia a passar decide tentar passar pelo meio da roda da frente. Escusado será dizer que mesmo a roda tendo só seis raios, em andamento a galinha nunca conseguiria atravessá-los com resultados positivos. Assim sendo galinha morta e bicha do conta-quilómetros estragada. Assim que a galinha embateu na roda criou-se uma nuvem de penas. Quem é que disse que para caçar é preciso ter arma ou cão?  
Uma coisa posso dizer, gostei de Cacheu e hei-de voltar lá mais vezes. Digam o que disserem mas a Guiné-Bissau é terra amiga, acolhedora, de gentes simples e com paisagens fabulosas. Acho que cada dia que passo neste país um bocadinho de mim fica cá, um bocadinho de alma, de espírito, e até mesmo de suor. Além de ficar um pedaço meu por estas terras também levo uma riqueza muito grande comigo, cada dia fico a saber algo mais da cultura, dos hábitos e dos costumes. O que vale no meio disto tudo é que sou de estatura avantajada, logo por muito que dê ainda levo muito comigo. Matematicamente falando, as coisas devem ficar na mesma, deixo um bocado mas levo sempre mais qualquer coisa comigo.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Liceu Dr. Agostinho Neto

Ora pois bem e chegou a altura de referir o meu trabalho na Guiné-Bissau.
Eu sou professor de Matemática, estou inserido no PASEG (Programa de Apoio ao Sistema Educativo da Guiné-Bissau) o qual está "dentro" da Cooperação Portuguesa.
Este está a ser o meu terceiro ano lectivo e sempre no mesmo liceu em Bissau, Liceu Dr. Agostinho Neto. O liceu é o mais bonito e mais espetacular de toda a Guiné-Bissau, pois dentro dele encerra uma das coisas mais maravilhosas e fantásticas que existe.


Quem diria que dentro destas singelas paredes encerram esta pequena maravilha que dá um gosto enorme em trabalhar.


E isto é só a vista ao nível do chão.
Imaginei agora a vista de cima, a alguns metros de altura, como será?
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Já fiz com que esperassem muito, assim sendo é melhor mostrar.......
Maravilhem-se.................






Digam lá se não é uma das coisas mais maravilhosas que existe.
É um pequeno tesouro que se encontra perdido no meio da cidade de Bissau.
Depois vem também a vista de fora da escola.


É nesta escola que eu trabalho. No primeiro ano estive a leccionar directamente com os alunos, tinha 3 turmas, uma turma da 9ª classe, e duas turmas da 10ª Classe. O ano lectivo anterior já estive a trabalhar directmente com os professores guineenses a dar-lhe formação contínua. Eu prefiro chamar como pequenos encontros que fomos tendo 2 vezes por semana ao longo do ano lectivo, Este ano continuo a trabalhar com professores guineenses, mas de vez em quando peço autorização a um professor e vou dar uma perninha a uma aula. Como sabe bem ver e ensinar as nossas jovens mentes brilhantes. Acreditem no que vos digo, nós tocamos em todos os nossos alunos, pode ser ou de uma forma positiva ou de uma forma menos positiva, mas deixamos sempre um bocadinho de nós em cada aluno, em cada aula, em cada cumprimento, em cada conversa, ...
Aqui mais uma foto da sala de professores.




É uma sala singela, simples mas com bastante camaradagem.
é aqui que encontro os meus colegas e comos quais tenho conversado e aprendido muitas coisas. Coisas essas que são históricas, geográficas, culturais ou por e simplesmente de comparação entre duas culturas separadas por 4 horas de avião. Imaginem o que é falar de um país de 32 pontos de vista diferentes, pois são cerca de 32 etnias diferentes. Do ponto de vista cultural é como ter 32 países dentro de um único país. Podem dizer-me que em Portugal também existem várias regiões com variados usos e costumes, mas eu só vos digo isto:

VENHAM À GUINÉ-BISSAU E DEPOIS FALAMOS OUTRA VEZ

domingo, 14 de novembro de 2010

Chuva em Bissau

Ora vamos cá a mais uma destas coisas a que se chamam "mensagens".
Como devem saber, na Guiné-Bissau, não existem as 4 estações do ano definidas. Resumindo existem duas estações do ano, a estação "das chuvas" e a estação "sem chuva", se calhar é por ser mais económico e mais simples. Isto fui eu a brincar, pois a razão de só existirem duas estações definidas está relacionada com a posição geográfica do país.
A estação das chuvas começa oficialmente a 15 de Maio, neste aspecto existe um consenso total por parte de todos. Relativamente ao término da estação das chuvas já existe alguma controvérsia, uns dizem que é a 2 de Novembro, outros dizem que é a 15 de Novembro. Uma coisa é certa, a coisa mais pontual é a chuva, se calhar tem um relógio, porque alguns guineenses marcam alguma coisa para uma determinada hora e possivelmente aparecem umas horas mais tarde, não descorando o portugueses que conheço muitos deles que temos que dar um desconto de uma ou duas horas.
O mais engraçado é que por estes lados quando chove, chove a sério e sem grandes brincadeiras.


Depois de começar a chover, fica um "bruta" de um rio à porta. Até aposto que se o Barracuda não tivesse saído do activo conseguiria passear pela estrada. Atenção que é o Barracuda e não a barracuda que é um peixe que se come a todas as refeições na ilha de João Vieira.




Quando a chuva acaba, passada uma hora a rua volta ao normal. Não pensem que enquanto a chuva cai as pessoas ficam dentro de casa. Para começar a temperatura nunca desce abaixo dos 20 graus celsius, talvez até seja superior, então nada melhor do que jogar futebol, ou lamaçal dependendo das opiniões. Ainda por cima são refrigerados.




Por estes lados tamém se diz que não se pode apanhar nem a primeira chuvada nem a última chuvada. Desconheço a razão de tal ditado, mas são coisas da terra que é bela e bastante acolhedora.

sábado, 13 de novembro de 2010

CBF 125

É assim que começa um pequeno grande momento. Momento que espero que seja algo duradouro e que me entenda com isto de blog's.
Verdade que estou bastante apreensivo com o resultado de mais uma experiência, e assim sendo começo por apresentar o meu "Cavalo de Tróia". Cavalo de Tróia não por estar armadilhado e cheio de inimigos, mas ter sido minha companheira em algumas das minhas viagens em terras algo distantes. É assim que eu vou numa de apresentar o meu cavalo de duas rodas, uma CBF 125 CC.

Sendo eu um português de gema (se calhar de clara e casca), que vai conhecendo alguma coisa do meu país decidi abrir horizontes. Então em 2008 decidi vir até à Guiné-Bissau, exercer a minha profissão. Profissão essa que irei descortinar mais tarde.
Resultado de tudo isto, já estamos em 2010 e eu ainda ando por cá.

No meio disto tudo não vos peço que me compreendam, nem que tentei perceber o que irá ser escrito.
Uma coisa é certa, eu no meio de tantos anos a viver comigo ainda não me consigo aturar.
Por agora vou encerrar este capítulo mas não tardará muito para falar mais do que virá.