terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O JARDIM

Mais uma vez vou escrever acerca da maravilha que está dentro de 4 paredes, do jardim do Liceu Dr. Agostinho Neto. Este ano o jardim sofreu uma pequena mudança, a introdução de uma pequena tecnologia mecânica, um chuveiro de rega vindo directamente de Portugal para a Guiné-Bissau.
Um objecto tão simples e tão comum em Portugal fez maravilhas aqui, as primeiras vezes, os professores e os alunos ficavam sentados a olhar para o chuveiro a trabalhar. E sabem quem é que agradece mais? É o gramão, pois assim leva mais água.



É tão bom ver o jardim a crescer no meio de uma escola e ainda por cima na Guiné-Bissau.
Na sexta feira passada, estive a falar com um professor amigo. ELe esteve a contar-me que no fim de semana anterior tinha estado com obras lá em casa. Até aí nada demais. De repente pergunta-me se eu sabia o que ele tinha comido no fim de semana passado. Eu respondi-lhe que não e então ele continuou a sua história. Quando ele estava nas obras em casa, viu sair não um, mas sim três Joaquins Doidos que ele apanhou rapidamente. Depois ele disse-me com os olhos a brilhar que cozinhou-os e estavam deliciosos. E eu a pensar cá para mim, está bem. Mais tarde meti-me a pensar que até deve ser um bom petisco. Se for um bom petisco vou ter que me zangar com ele por não me ter chamado para provar. Já está assente na para a próxima jantarada a experimentar, mesmo ao lado de jibóia e cão. É como eu digo, desde que não me saia as queixadas nem do cão nem da jibóia, marcha tudo. E mais não digo..... 

sábado, 22 de janeiro de 2011

Maratona Pela Vida

Ainda no ano passado fui ver mais uma maravilha da natureza. É melhor dizer que fui ver umas centenas de maravilhas da natureza. Melhor ainda, fui ver umas centenas de maravilhas da NATUREZA, assim está melhor.
Em Novembro último, fui até João Vieira. Objectivo principal era ver o nascimento de tartarugas verdes na ilha do Poilão. Poilão é uma pequena ilha, perto de João Vieira, onde afluem centenas de tartarugas verdes para a desova. Passados 60 dias eclodem dos ovos tartarugas que mais tarde viram desovar nas mesmas praias de onde eclodiram.
João Vieira é uma ilha que se pode circundar a pé em 4 horas. 4 horas de caminhada pela areia, segundo dizem, digamos que fui dar uma pequena volta de cerca de 40 minutos de 42 biqueira larga. Pelo caminho fui encontrando algo diferente, mas que me chamou a atenção. São pequenas coisas que se calhar passam despercebidos mas que a meu ver têm alguma magia, algum sentido e algum mistério.


De onde terá vindo aquele ramo? Terá viajado quilómetros, metros ou centímetros? É algo que me entrigou e e chamou a atenção.


E este imponente cepo? Conseguem imaginar qual seria esta árvore? Pensem nas gerações de pássaros que pousaram nos seus ramos. Quantos destes eram para descansar ou pura e simplesmente estavam a apreciar a vista? Quanto tempo terá viajado? Melhor que histórias terá para contar? Quantas pessoas passaram por ela e repararam? E quantas não repararam? Será mais um cepo ou será um cepo? Parece um velho guardião a descansar depois de uma vida de trabalho nas intempéries. Mas certamente que as histórias deste velho guardião dariam para escrever uns quantos blog's.




E estes dois guardiões? Teriam partilhado algumas dessas histórias?
Depois vem aquele que tem ar de que foi um imponente guardião. Se calhar foi o "capitão" de todos os outros.


Observem as suas curvas e as suas linhas. Quantas batalhas terá travado? Como tudo terá acontecido? Ou será apenas uma coroa de um rei? Quantos abrigos terá proporcionado? Quantas folhas terá tido? Imaginem se as árvores falassem? O que falariam? O que terão ouvido? E no entanto lá estão elas para nos dar abrigo, comida e até oxigénio.
No meio da minha caminhada também encontrei algo interessante no meio desses guardiões. e também algo verde, claro que uns guardiões vão mas outros ficam.





Algo ainda mais estranho é que acho que encontrei, a meu ver, uma espécie de ervilha brava. O que eu achei muito estranho, mas como disse penso que encrontrei, mas o melhor é deixar a prova que consegui retirar.



Depois digam se é ou não.
Como referi anteriormente, fomos ver a ilha de Poilão para ver uma maratona da vida. O eclodir das tartarugas. Algo maravilhoso e simplesmente belo.
Quando desembarquei na ilha reparei neste pequeno objecto.


O que será? Também não sei ao certo, mas tenho as minhas conclusões que guardarei para mim e espero pelas vossas. A seguir foi como entrar num planeta diferente, talvez Marte ou coisa parecida.



Não é que eu tenha estado alguma vez em Marte, mas o ângulo da foto assim quase que o permite. Assim que o sol se pôs começou a luta, a corrida pela qual todas tinham que lutar. Foi magia, magia pura em como de um momento para o outro começaram a "brotar" tartarugas do chão. Vê-las a deslocarem-se até à água era como acompanhar algo misterioso e divino. Algo que só a nós foi proporcionado naquele momento. Foi deslumbrante. E como começou também acabou. Assim do nada parou. Foi como se todas tivessem um relógio, o despertador tocou e correram para o mar, o despertador tocou novamente e as restantes têm que esperar pela sua vez sob o solo arenoso. Eu não sei muito de tartarugas marinhas, mas mesmo assim sei que elas têm em comum com os crocodilos, o facto de serem macho ou fêmea tudo é determinado pela temperatura a que se encontram. Para não estar a interromper nada neste momento único que tive o prazer de observar deixo umas fotos de amador.






E agora o percurso de algumas.






E foi assim que eu tive uma experiência do outro mundo, literalmente. Foi uma coisa FABULÁSTICA da qual tive o prazer e a honra de poder observar. E aqui fica mais um bocadinho da Guiné segundo o meu ponto de vista. A Guiné-Bissau tem um conjunto de maravilhas da natureza para observar e maravilharmo-nos.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Divagações

Divagar... O que será mesmo divagar? Será navegar por pensamentos nunca antes alcançados? Isto quer dizer que divagar leva a navegar. Navegar, mar, mar pode ser ilhas. Ilhas... Ora aí está uma bela imagem e como estou presentemente na Guiné-Bissau, obviamente que as ilhas vão implicar o Arquipélago dos Bijagós. Se vou para as ilhas levo a cana, melhor as canas e com as canas vem um dos mais espectaculares e emocionantes momentos, o de estar sentado à espera que o peixe morda o isco. Sim, porque como sabemos pela boca morre o peixe. Será mesmo assim? Eu já pesquei com anzol e alguns peixes não morreram pela boca, mas sim ou pela barriga, ou pelas barbatanas, mas não pela boca.
Voltando pela divagação, será que eu acabei de divagar? As nossas divagações levam-nos a algum sítio? Será que alguém pode morrer com o peso das divagações? É que se assim for ninguém mais divaga.
No meio das minhas divagações encontrei algumas incoerências.
Tomemos o caso dos Vampiros. Todos nós dizemos que eles são imortais. Serão mesmo? É que se assim for como é que os destroem nos filmes, nas séries, ... Porque se os matam eles são mortais. Também temos o caso dos lobisomens. Será que alguém ou algo é mesmo imortal? Eu penso que sim, pode não ser propriamente em carne e osso, mas as suas ideologias podem ficar escritas para toda a eternidade. Mas isto é válido dizer para toda a eternidade? Será que a eternidade tem fim? É que se tem deixa de ser eternidade e passa a ser para um certo tempo. É a mesma coisa do que estar a comparar conjuntos infinitos. Ambos conjuntos têm um número infinito de elementos, mas no entanto existem conjuntos infinitos contidos dentro de outros conjuntos infinitos e não podemos dizer qual é maior do que outro.
E quando nós dizemos que qualquer coisa vem dos nossos avós. Como referi anteriormente, que o conhecimento do trabalho nas terras vem dos nossos AVÓS. Será que vem realmente dos nossos avós ou dos nossos antepassados? Eu escrevi com o intuito dos nossos antepassados. Eu admiro muito o conhecimento empírico, melhor admiro o ritual da passagem desses conhecimentos, que é feito com uma certa mestria, pelas "mãos" de alguém que por sua vez aprendeu com outra pessoa. É algo incrível que se demonstra nesse ritual, algo que leva de certa forma à aposentação. Para quem está a transmitir sente que o seu conhecimento não ficou perdido e quem está a aprender sente por sua vez que alguém está a querer dizer-lhe algo, a conversar. É por isso que eu acho que este tipo de rituais são dos mais ricos que podemos encontrar e que eu acho que cada vez mais se está a perder. Ou estará pura e simplesmente a modificar-se? Uma coisa que eu aprecio na Guiné é o facto de à beira da estrada verem-se bancos improvisados, onde as pessoas se reunem, o culto do contador de histórias ainda acontece por aqui. Em minha casa, em Portugal, quando estamos todos em casa a hora da refeição é uma hora onde toda a gente se senta à mesa. É uma hora de conversa, de discussão e pois tá claro de boa comida. Mas é claro que a televisão se encontra sempre ligada o que já leva a menos uma conversa. Será que leva mesmo? Se surgir alguma notícia algo intrigante, pode originar uma discussão segundo vários pontos de vista.
Costuma-se dizer que gostos não se discutem. Eu tenho uma opinião totalmente oposta. A meu ver o que se discute são sempre os gostos. Tentamos usar sempre argumentos válidos que nos levem a que a outra pessoa ou pessoas mudem para os nossos gostos. Acho que os gostos têm que se aceitar, mas nunca se pode dizer que gostos não se discutem.
E foi assim que após, desta vez nada tem a ver com as viagens ou memórias, este pequeno texto eu disse algo. SERÁ QUE DISSE MESMO?

Como anteriormente falei de pesca aqui fica uma foto de um tubarão guitarra que pesquei. Devia ter certa de metro e meio.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Regionalismos

No programa em que estou inserido, aqui na Guiné-Bissau, PASEG existem algumas curiosidades entre nós. O que se torna engraçado, e parece que sempre se verificou, é que o PASEG sempre teve mais cooperantes do norte do país do que do sul. Dizem que os portugueses do norte são mais aventureiros. Isso não sei mas em cerca de trinta agentes de cooperação só dois deles é que moram a sul da margem do rio Tejo. Agora é uma questão de vocês próprios retirarem as vossas conclusões. Lembrem-se que estou apenas a constatar um facto, não estou a  criar uma teoria.
No meio disto tudo vem ainda outra questão. Eu pertenço ao distrito de Coimbra e nós consideramo-nos do centro de Portugal, uma vez que só consideramos pessoas do norte os que vivem a norte do Rio Douro. Será mesmo assim? Isso não sei, mas uma coisa eu sei que até o ano passado eu algumas vezes falava e quase ninguém me entendia devido ao uso de regionalismos, de expressões que só se usam na minha terra. A partir de este ano com um elemento novo, também ele de Mira, já tenho alguém que, me entende nas várias expressões. Torna um bocado engraçado quando eu começo a falar e pergunto ou peço alguma coisa e as outras pessoas ficam a olhar para mim sem perceberem o que eu realmente digo. É como disse, é algo engraçado mas também existe as suas contrapartidas. Aqui vão algumas palavras:
Atantar
Atantarote
Péla
Morangueira
Comandita
Encepar
Afoitar
Vamos agora até às explicações:
Atantar- é o acto de chatear, não deixar em paz; 
Atantarote- é aquele que atanta;
Péla- é o mesmo que frigideira. Na minha terra não se diz fazer uma omelete, mas sim fazer o pelada de ovos;
Morangueira- é um recipiente de barro para manter a água fresca de verão e acreditem que mantém mesmo a água fresca;
Comandita- é um grupo de pessoas que nem sempre tem uma conotação positiva;
Encepar- é o mesmo que tropeçar. Penso que vem da palavra cepo. Cepo é o tronco da árvore que fica agarrada ao chão depois de cortar;
Afoitar- quer dizer incentivar mas para o mal.
Além destes pequenos vocábulos que diferem de região para região, também existem as diferenças culinárias. Pois tá claro que estou novamente a falar de comida. Durante a Primeira Guerra Mundial, quando os soldados portugueses foram a frente de batalha, mais uma das suas dificuldades foi a própria alimentação. As rações de combate que comiam eram as mesmas que os ingleses, por isto já podem imaginar as diferenças.
Agora noutro contexto que me lembrei, sabiam que uma das alianças históricas mais antigas do mundo é entre Portugal e Inglaterra? Sabiam que Inglaterra teve uma rainha portuguesa? D. Catarina de Bragança. Além do mais dizem os relatos que foi ela que introduziu o hábito do Five o'clock tea.

Pela Guiné Fora

Logo nos primeiros post's falei que tinha uma CBF 125, mas no entanto nunca a mostrei em passeios. Aqui vai umas fotos de algumas vezes que saí com ela. Ter moto na Guiné Bissau é muito bom, não existe o frio, mas também muito perigoso, mas mesmo muito. Desde que trouxe o meu cavalo de duas rodas para cá já fiz alguns raid's por esta terra maravilhosa. O mais importante nessas saídas é que o meu cavalo nunca me falhou, nem uma vez. Já fui atacado algumas vezes pela força aérea, passo a citar mosquinos, moscas, moscardos e afins, mas o resultado para eles foi uma mancha na minha viseira. O meu cavalo não atinge grandes velocidades, 110 km/h máximo, mas consome pouco e tanto atinge essa velocidade com uma ou duas pessoas. 


Onde irá acabar esta estrada? Aqui está uma pergunta que eu coloco. Eu sei onde acaba, pois já lá fui várias vezes e quero ver se lá vou mais algumas. A estrada acaba exactamente em Cacheu. Da primeira vez que fui a Cacheu, gostei muito da cidade, e cada vez que lá vou continuo a gostar ainda mais dela. Esta ponte é uma ponte singular na Guiné, pelo menos eu nunca vi mais nenhuma mas não quer dizer que não exista. É uma ponte toda ela em metal.







Como podem comprovar é mesmo em Cacheu, uma vez que está o forte por trás. Quando regressava de uma das minhas viagens, existiu uma espécie de de ave, naquele caso era mesmo uma ave rara, tão rara que naquele dia deixou de existir. Estava eu a passar de moto por uma tabanca à beira da estrada, quando de repente vejo uma nuvem de penas pretas a sair disparada da roda da frente. Como podem verificar pelas fotos, as rodas da moto têm somente seis raios e existe um grande espaço entre eles. A galinha que deu origem à tal nuvem de de penas, tentou atravessar pelos espaços livres entre o eixo e o pneu. Resultado da colisão para a galinha morte. Eu penso que aquela galinha devia estar com problemas psiquicos e decidiu suicidar-se, como eu costumo dizer na brincadeira "auto matar-se". Vida de galinha não é fácil ter que andar de crista e de penas. Se nós temos casacos de penas para nos aquecer, imaginem o que é andar de penas todo o ano e sem o puder tirar deve ser uma "calorada" daquelas. Voltando ao assunto, a galinha só conseguiria atravessar a roda da moto se fosse o Speed Gonzales ou o BIP BIP, talvez mais o BIP BIP que esse já tinha penas e é mais parecido. Quando voltei para trás reparei que a bicha do conta quilómetros se tinha perdido e na Guiné para andar de moto é fundamental. Fundamental porquê? Perguntam vocês, é que por estes lados não existe bombas de gasolina em todo o sítio, logo convém ter uma noção das distâncias e da velocidade a que se vai para moderar o consumo da moto. Quando cheguei ao local do sinistro, Eram penas pela estrada, e galinha na berma da estrada. Uns rapazes perguntaram se ia levar a galinha, ao que eu respondi que não. Eles agarraram a galinha na mão e já a levavam quando a pessoa que ia comigo decidiu perguntar de quem era a galinha. Do outro lado da estrada vinha a dona da galinha, é que uma galinha ainda é uma galinha e já dá para fazer uma refeição de carne. Por aqui nada se perde. E foi assim que o meu cavalo se tornou uma verdadeira máquina de guerra com o seu baptismo de fogo.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Batatas Abafadas com Bacalhau

Para começar coloco já uma questão fundamental: Bacalhau é carne ou peixe? Aqui está um pretexto para surgir uma nova teoria evolucionista que poderá destronar qualquer uma das aceites pela comunidade científica.
Como um bom apreciador de bacalhau, mais que não seja pelo meu pai ter sido pescador em terras fria do Atlântico Norte, considero que seja carne. Será mesmo que peixe não puxa carroça? Para mim, com bacalhau puxa-se tudo e mais alguma coisa, bacalhau é bacalhau. Imaginem vocês um português sem a sua posta de bacalhau? Não quero ofender ninguém que não goste de bacalhau. mas continuando, hoje trouxe mais um bocadinho de Portugal até mim. Revi momentos de infância. Durante a minha infância sempre trabalhei na terra e as minhas férias do verão eram sempre passadas a trabalhar no campo com a minha mãe. Acreditem naquilo que vos digo, era muito trabalho e que saia do meu corpo, mas era um trabalho gratificante. Imaginem os conhecimentos que são passados, as gerações que transmitiram o que tinham aprendido anteriormente. Podem dizer que esse conhecimento é empírico e eu concordo, mas só de pensar na evolução que teve e o aprender fazendo é como se fosse um ritual. Já agora pensem um bocado no número de vezes que aquele pedaço de terra, que já vem dos nossos AVÓS, deu algo para nos alimentar. E o prazer de ver algo a nascer, crescer, apanhar e cozinhar. Sabendo que aquilo cresceu com o vosso suor. É algo maravilhoso. 
Como ia a contar, de verão parte dele era passado nos pinhais, a limpá-los para depois ter que colocar na cama dos porcos, galinhas vacas, etc... A minha mãe levantáva-se mais cedo e cozinhava batatas com bacalhau. Depois agarrava na trouxa e lá iamos o dia inteiro para os pinhais. Hoje decidi replicar a parte do almoço. Pedi à rapariga que me trata da casa, Neuza, para comprar os ingredientes necessários. Neste caso só foi preciso comprar algumas batatas, pois o resto tinha tudo, e expliquei-lhe como se faz o prato com sabor a infância.
1º Cascar as batatas e cortá-las às rodelas;
2º Colocar o bacalhau e um ovo na mesma panela;
3º Deixar cozer;
4º Escorrer a água da cozedura, mas atenção deixar um pouco no fundo;
5º Cascar alho e cortá-los aos pedaços, também pode ser às rodelas;
6º Regar os elementos que acabaram de cozer com azeite e vinagre e adicionar o alho, tudo dentro da panela;
7º Tapar tudo e embrulhar em panos, muitos de preferência, e deixar repousar por umas duas horas;
8º Desembrulhar tudo e comer.

FOI SIMPLESMENTE MARAVILHOSO

Quando cheguei a casa encontrei esta pequena surpresa em cima da minha mesa...










O que eu acabei de partilhar com vocês foi um pequeno desembrulhar um presente. A meu ver só existiu um pequeno senão, a qualidade da batata. Como já se devem ter apercebido eu sempre comi batata caseira e de uma qualidade em especial Batata Rambana, é uma batata apreciada por muitos e detestada por outros. Para mim é a melhor que se pode comer.
E foi assim a minha experiência de hoje e uma pequena relembrança do passado.
Se quiserem experimentar em casa a receita e tiverem algumas dúvidas digam alguma coisa que tentarei esclarecer.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Jardim à Beira Mar Plantado - Portugal

No dia 18 de Dezembro regressei, momentaneamente, a Portugal para passar uns dias com a família. E assim foi, deixei Bissau na madrugada de 18 e regressei na madrugada de 3 de Janeiro do ano novo.
Como já tinha referido, perdi a máquina fotográfica aproveitei agora para comprar uma. Nestas duas semanas que estive em Portugal andei sempre e a visitar vários amigos, da Guiné ou de Portugal, e passei por paisagens fabulosas. O nosso querido Portugal é de uma beleza estrondosa, se calhar nós não lhe damos o devido valor. Fui desde Arruda dos Vinhos até aos Montes Hermínios, passando por Aveiro, Coimbra e Oleiros. Foram umas semanas de contar quilómetros. Mas também foram semanas de reviver tradições familiares mais importantes do que o Natal.
Posso então dizer que neste caso foram terras distantes mas tão próximas. Estando a maior parte do tempo na Guiné-Bissau será que posso considerar Portugal como uma terra distante? Não sei o que responder , mas as saudades de vez em quando vão apertando.
Vamos lá começar por Arruda dos Vinhos.
Aqui fui encontrar uma colega que conheci em Bissau. Fomos almoçar num restaurante chamado "O Fuso". Aqui ficam umas fotos da vila.





Mas voltando ao que interessa ao almoço foi uma bela de uma costoleta de vaca.


Isto é uma posta.

Para finalizar umas cerejas.

E foi assim uma boa refeição à hora do almoço com muito boa companhia. O céu estava incoberto, mas de uma beleza inexplicável.






Uns dias mais tarde tive que me deslocar a uma cidade que fica situada nos Montes Hermínios e com a qual tenho um grande carinho. Foi lá que tirei o meu curso na UBI (Universidade da Beira Interior), ou seja estou a falar da Covilhã. Para ir de Mira para a Covilhã vou sempre pela estrada das beiras e mais tarde apanho a nacional 230 que passa pela Ponte das Três Entadas e por Vide.É como voltar no tempo e ver as paisagens mais encantadoras. A beleza da serra com as casas de xisto.







Três aldeias separadas por pouco e por muito.
Quando atravessei a serra vi o vazio pintado a sete cores. Sete cores que pintam o céu. Vejam e depois digam-me se não é a uma coisa divina.

O que estará na outra ponta do arco-íris?
 Continuando viagem encontrei umas quedas de água que gravei para a prosperidade.



Até arrepia a espinha só de pensar nestas fotos. É que estava um frio de rachar.
No regresso passámos por casas de xisto, imponentes, belas, orgulhosas,... Elas próprias fazem parte da montanha e a montanha faz parte delas, pode dizer-se que é uma simbiose perfeita.É como se cada pedra já estivesse predistinado a ser uma casa e a casa já tivesse sido feita com o surgimento da montanha.



No mesmo dia que fui e vim da Covilhã ainda dei uma perninha até Aveiro, onde encontrei os moliceiros e os salineiros. Já agora alguém de vocês sabe a diferença entre uma embarcação e a outra?
Os moliceiros eram utilizados para a apanha do moliço que posteriormente era utlizado para adubar as terras. São caracterizados pelas suas proas altivas, impetuosas, explendorosas e orgulhosas.



Os salineiros por sua vez já são mais "toscos", e eram utilizados para transportar o sal até aos bacalhoeiros para conservar o bacalhau que era apanhado nas águas frias do Atlântico Norte.


Barcos estes que hoje em dia são utilizados para dar voltas pela Ria de Aveiro.
Também durante estas duas semanas ocorreu em minha casa uma tradição que já vem de gerações anteriores. Não no mesmo local, mas a mesma tradição. Esta tradição junta mais família do que o próprio Natal. Estou a falar da matança do porco, que ainda ocorre em minha casa. É um ritual que promove não só o alimento para uma temporada, mas também o convívio. Para a matança teve que se fazer uma coisa antes da matança: o ritual de cozer a broa. Sim porque no jantar da matança tem que estar presente broa, é uma obrigação. O porco foi morto de tarde, então de manhã amassei e cozi a broa, sim porque eu tenho gosto em cozinhar. Pois tá claro que para o almoço foi baixada com sardinha assada na telha. Telhas essas que são as mesmas que se utilizam para beber o vinho na festa da telha que eu já referi anteriormente. Para provar que não é mentira aqui fica uma prova:

A sardinha em primeiro plano, pronta a consumir.

Baixada é o nome a que damos à broa comida ainda quente e quando ainda não está totalmente cozida. Fica para o verão um roteiro de como cozer a broa. Sardinhas na telha com baixada é um dos partos mais típicos da minha zona, Mira.
Depois foi só esperar pelos familiares para se proceder à matança. A própria matança também é ritual de entreajuda, todos ajudam no que podem e passa por várias fazes. Primeiro sangra-se o porco e aproveita-se o sangue para fazer as morcelas e o sarrabulho. Depois o porco é esfolado e lavado. Por fim é dependurado e tiram-se as "tripas" para mais tarde se fazerem os enchidos. Já os nossos avós diziam duas coisas:
1ª "Desmancha o teu  porco e verás o teu corpo";
2ª "Para fazer os enchidos tiram-se as tripas de dentro do porco e coloca-se o porco dentro das tripas".
Quando as tripas já estão fora do porco é só separá-las e ir lavá-las. Entretanto enquanto umas pessoas vão lavar as tripas, outras vão tratar da janta. No final todas as pessoas se reunem para comer e passar longas horas à mesa como bons portugueses que somos. Português que é português tem orgulho em estar à mesa nem que seja só para conversar ou até mesmo ralhar.
Este acontecimento passa-se um ou duas vezes por ano em minha casa, porque assim como me vieram ajudar a matar o porco também vamos ajudar a matar o porco dos outros.
São estas pequenas coisas que nos tornam únicos no meio de TANTOS.